É verdade, hoje faço 54 anos. Algumas primaveras, alguns invernos, mas estou aqui e estou feliz por estar viva.
É tão simples como isso.
Desde há quatro anos para cá, quando tive um AVC , quando deixei de ler e escrever, quando senti a vida a fugir de mim, passei a agradecer a Deus, aos Deuses todos, cada ano que passa.
Sempre gostei de fazer anos, e nunca sofri daquele síndrome da idade. Descobri mais tarde que a única razão pela qual não me preocupei por fazer trinta e quarentas era porque não tinha sequer tempo para pensar nisso.
Porque, é esse o custo da notoriedade, o que é o mesmo que dizer a memória de muitos que tem a validade de um iogurte, e não interessa nada (pobres dos que imaginam outra coisa!) as pessoas olham para mim, e a imagem que transmito é de uma mulher forte, sem duvidas, alguém a quem a vida sempre correu de feição.
Chegada aqui, tenho que reconhecer que sou forte, mas se há algo que não foi nunca fácil foi a vida. E mesmo sabendo que há tantos e tantas muito pior do que eu, sei o que foi a minha luta.
Por esta altura, muitos dos que me lêem pensam que estou a "chorar de barriga cheia".
Não gosto nem nunca gostei do papel de coitadinha, da vitimização sistemática.
E ao longo destes oito anos em que através da televisão me tornei alguém que algumas pessoas reconhecem, nunca, em momento algum deixei de dizer o mesmo.
Simplesmente as pessoas não acreditam . Preferem continuar a olhar para mim e a acreditar naquilo que para elas eu sou.
Mas sei o que é não ter dinheiro para dar de comer aos meus filhos.
Sei o que foi viver e educar três filhos só e chegando a ter quatro empregos diferentes para fazer face às despesas.
E apenas posso dizer que tive sorte, e que a sorte me deu muito trabalho a fazer!
Olhando para trás, e neste dia que rejubilo por estar à espera dos meus filhos e da minha neta para almoçar, para me rir e chorar de alegria, sei que tenho por obrigação agradecer à via.
Ter-me dado forças para lutar. Ter-me dado mais uma chance para ver os meus filhos crescerem e a minha neta , e os outros que um dia virão.
Mas se hoje deixo aqui este desabafo, na partilha que faço convosco, é apenas para, e uma vez mais, dizer alto que a vida é uma luta. Batalhas que ganhamos e muitas perdemos.
Mas que vale a pena, lá isso vale.
Um bom fim de semana para todos, e o meu mais profundo obrigada pela vossa participação neste blog, na minha vida, nos meus sonhos e aspirações.
Luísa
Coloquei este Post nos meus dois blogs. Para partilhar com toda a gente!