Sábado, 19 de Abril de 2008

A familia e o doente de AVC

 
Boas tardes cara Luísa,
 
Sou uma mulher de 41 anos e tenho 2 filhos maravilhosos. O meu marido sofreu um AVC (hemorrágico) no dia 20 de Setembro de 2006.
Ao contrário do que é comum nestes casos sobreviveu, reforçando a minha fé e fazendo-me acreditar na vida.
Porque a situação económica permitiu e porque o meu marido investiu nisso, a recuperação motora foi excelente.
Infelizmente a recuperação psicológica/emocional não tem acompanhado a recuperação física...
Ficou sexualmente afectado e já sei que isso o impede de sentir-se feliz.
O problema tal como eu o vivo e sinto é de que começo a ter dificuldades de lidar com o pessimismo e a negatividade permanente que o meu marido tem com a vida e com o mundo que o rodeia.
Anda a ser acompanhado pelo psicólogo, sei que isto é demorado, mas a verdade é que me sinto cansada e muito gasta.
Sei por ele do seu programa na TV sobre AVC e de que foi focado o problema da família.
O meu filho mais novo diz que está farto do pessimismo do pai e a mais velha está muito revoltada pela sobrecarga a que tenho estado submetida.
Preciso de acreditar que ainda é possível sermos uma família feliz, mas a verdade é que neste momento preciso de uma ajudasita ”.
Obrigada pelo tempo que dispôs a ler este “desabafo”.
Um abraço e a minha admiração.
 
Minha Cara,
Não sei que idade tem o seu marido, e embora o AVC esteja hoje a atingir  pessoas cada vez mais novas, este é um dado importante para a nossa conversa.
Mas, partindo do principio que ele está em idade para uma vida activa sexual normal, então, é provável que o problema venha do foro psicológico , isto é, que seja uma consequência do AVC , juntamente com o tal pessimismo e negatividade que menciona.
Hoje em dia os médicos já reconhecem que após um AVC existe uma enorme incidência de casos de depressão.
E , uma vez passada esta fase, haverá que perceber o que  se alterou na personalidade.
Estando ele a ser seguido por um profissional desta área, parece-me que quem deveria recorrer a ajuda especializada era a minha amiga, e mais tarde, se possível , uma terapia familiar.
Quem passou por esta experiência sente revolta e medo. E não passa com os dias e os anos.
Não é justo mas vai necessitar de paciência e mais paciência e não hesite em recorrer a um técnico, porque se você se for abaixo, a casa desaba consigo!
Quer queiramos ou não é este o papel da mulher!
 
 
 
publicado por Luísa Castel-Branco às 21:41
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