Quarta-feira, 19 de Dezembro de 2007
do Natal ao Ano Novo é um pulo.
Um salto cansativo mas esperemos que gratificante, principalmente se conseguirmos diminuir drasticamente dentro do nosso coração a presença daquelas situações que nos incomodam e nos azedam as festas!
Mas perante um novo ano, é altura de fazermos a lista daquilo que queremos mesmo mudar.
E não deite fora o dito papelinho porque pouco a pouco, ou quiçá daqui a um ano, pode verificar por si mesma o que foi capaz de fazer, e o que ficou ainda por alcançar.
Como sempre, vou dar-vos a minha lista (são vocês que me obrigam a este exercício e por isso vos agradeço, senão era demasiadamente cobarde para o fazer!). Aqui vai:
Coisas que eu quero mudar/alcançar em 2008
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Perder peso – Ok. Não suporto ver-me ao espelho por isso nada de dietas milagrosas que não tenho saúde para isso. Mas pelo menos uma dieta equilibrada, comer no máximo de três em três horas, evitar as gorduras e etc. e tal.
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Fazer exercício físico – Para mim é mesmo uma violentação, porque exceptuando nadar, tudo o resto é um sacrifício. Porque raio deixei eu o cabelo crescer? Não há toca de piscina que não molhe a cabeleira! Em vista disto tudo e da minha natural preguiça, que tal fazer aquilo que todos os médicos recomendam: andar a pé? Também exige disciplina mas é mais fácil!
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Aprender a organizar o meu tempo – Sou uma desgraça! Reconheço humildemente que me perco nos meus pensamentos, no meio de papéis e mais papeis, por entre projectos começados e nunca terminados. Chego ao fim do dia com uma sensação de culpa terrível porque me faltou fazer tanta coisa e perdi tempo sem sabe aonde!
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Aprender a gostar de mim – Façam o favor de não rirem, mas este ponto é mesmo muito importante e verdadeiro. A idade tem que se lhe diga e isto de a partir dos 46 anos ver a minha cara no écran ou nas fotos, é um susto. Mas tenho a certeza que o mesmo acontece um pouco com todas as outras mulheres. É chegado o momento de aprendermos a gostar de nós mesmas pelo que já alcançámos até agora, pelo ser humano que somos, enfim, aceitar o espelho e o nosso coração.
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Aprender a dizer NÃO – Passamos a vida a fazer coisas, compromissos, a engolir palavras, a cumprir obrigações, eu sei lá, a lista é imensa. E a maior parte das vezes sabemos que não vamos ter reconhecimento nenhum, podemos até ser mal interpretadas, estamos a gastar energias em vão.
Mas a nossa educação fomentou em nós desde muito novas o sentimento de culpa. E é um peso enorme que transportamos todos os dias.
Mas a verdade, é que temos direito ao nosso próprio tempo, às nossas horas de lazer, ou de sonho, ou de fuga ou seja lá o que for. E de dizer NÃO quando temos que fazer algo que é uma violentação!
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Abraçar aquele sonho impossível – Já falamos anteriormente sobre isto. Seja que sonho for: pintura, musculação, teatro, dança, não interessa. O que realmente importa é darmos a nós próprias o direito de sonhar e executar esse sonho, mesmo que não tenha mais-valias para ninguém, a não ser para nós mesmas.
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Procurar a paz interior – Dito assim até parece estranho mas passo a explicar. No fim, este desejo prende-se com o peso da realidade, das responsabilidades, do tal complexo de culpa. Mas para mim, acima de tudo tem a ver com o optimismo que me falta.
Olho para as coisas de forma sempre negativa e como diz o tal livro “O Segredo” e já agora como sempre o disse o povo, esta é a forma mais errada de estar na vida. Li a definição que alguém (terá sido o Lobo Antunes?) deu sobre ser pessimista: “Eu não sou pessimista. Sou um optimista esclarecido” Quero mesmo deixa de ser esclarecida e aprender a saborear um dia de cada vez e mais nada!
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Saber como alimentar o Amor e a Amizade – Talvez eu até o saiba, e todas nós, mas muitas vezes esquecemo-nos. Damos por adquirido aquilo que temos e não dizemos vezes suficientes às pessoas que amamos o quanto são importantes para nós.
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Ser amável comigo mesma – Quando os meses começarem a correr, e eu voltar a olhar para esta lista, e verificar que não alcancei tanta coisa, lembrar-me de ser amável comigo mesma e perceber que sou apenas um ser humano, com capacidades por vezes limitadas, e muitas vezes erro mais do que acerto.
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Aprender a distinguir o que pode ser alterado, aprender a aceitar o que não tem solução, saber distinguir
É. Parece fácil mas não é. Em vez de lutar contra moinhos de vento, um pouco de bom senso e introspecção talvez evitem muitas das cabeçadas que vou dar em 2008!
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2007
Não me interpretem mal, porque se há alguém que adora esta época sou eu.
A criança que existe dentro de mim, e para mal dos meus pecados muitas vezes anda para ai à solta, foge e perde-se de amores por todos os brinquedos, as decorações, as cores espalhadas pela cidade, enfim, é como se eu tivesse permissão de uma vez por ano ser pequenina novamente.
Mas o Natal é muito mais do que o sentimento que transportamos dentro de nós, a maior parte das vezes repleto de memórias da nossa infância.
É antes de tudo, e por muito que nos custe a aceitar, um teste enorme à nossa resistência!
Longe vão os tempos em que as festas eram simples, os presentes idem até porque não havia por onde escolher, e a coisa se passava no conforto do lar sem grandes turbulências.
Agora, temos as famílias, as novas famílias, os meus os teus e os nossos.
E para culminar tudo isto, o dinheiro está cada vez mais caro e a lista de presentes cresce todos os anos porque mesmo com o problema nacional da natalidade, a verdade é que aparecem bebés aos montes, e a lista que fazemos daquilo que temos que comprar é assustadora.
Depois, sobreviver a esta época festiva tem que se lhe diga!
Em muitos casos, felizes das que não estão incluídas neste lote, é a altura do ano em que temos que gramar com familiares com quem não temos o mínimo de intimidade, nem conversa possível.
E depois existem ainda os outros, aqueles de quem verdadeiramente gostaríamos de estar a léguas e não pode ser, e lá vamos nós sentarmo-nos à mesa na Consoada, no Dia de Natal e por vezes no Fim do Ano ou no dia de Ano Bom, sorrisos postiços no rosto e toca a andar que é Natal!
Se as festas são em nossa casa, é uma canseira! Quando recorremos a comprar a comida feita, ao depararmo-nos com a conta, não há espírito que resista!
Se somos nós mesmas a avançar para a cozinha, a decorar a casa, a alimentar o sonho do Pai Natal aos mais pequeninos ou a aturar a neura dos nossos queridos adolescentes, quando finalmente chega a grande noite, estamos tão esgotadas que perdemos as estribeiras pela mais ínfima razão!
Para as que me lêem e sabem o que são as festas partilhadas entre a nossa casa, a casa do Pai dos nossos filhos que por vezes já tem também outros filhos, e o nosso novo parceiro que também vêm acompanhado pela prole, então a única forma de superar este teste é muito chá de camomila ou um Lexotan ou Xanax!
Porque quando toda a gente sai a nossa querida casinha parece que sofreu um tremor de terra, porque já não aguentamos as dores nas costas e a garganta apertada por não termos respondido a quem de direito!
Por isto tudo e muito mais, o meu desafio para vocês e para mim, também, é apostarmos em como vamos ser capazes de sobreviver a este Natal!
Aqui vão algumas dicas:
- Presentes – Abuse das lojas dos chineses. Tenha consciência que os seus filhos, enteados e todos os outros adolescentes não gostam nunca de nada por isso aposte num cheque-oferta da Fnac ou da H&M, por exemplo. Ao menos a má cara demora menos tempo!
- Presentes para os mais velhos – Se tem tempo e jeito aposto nas coisas feitas por si (nem que seja uma pega para a cozinha). Como quase de certeza que não tem tempo então refugie-se nos chocolates evitando as tias com diabetes!
- Comida e quejandos – Faça fácil é a palavra certa! Borrife-se para o Peru que ninguém gosta, e vá em frente, faça pratos que podem estar prontos de véspera. De qualquer forma eles vão refilar!
- Sobremesas – Se tem jeito, tudo bem. Senão, antecipe-se uns dias e ataque os supermercados na secção de congelados! Dos maravilhosos pastéis de nata até bolos prontos a ir ao forno, há de tudo!
- Decoração – Aposto que ainda não teve tempo de fazer a sua arvore, mais o presépio. Mas hoje tem à venda nas lojas mais baratas, desde velas a centros de mesa que podem enfeitar a sua casa por pouco dinheiro.
- Disposição – Olhe ao espelho e fabrique um sorriso numero dois. Pratique e não o tire da cara até cair na cama
- O seu parceiro – Existem dois tipos distintos. Aqueles que não estão nem aí e só se sentam à mesa, e os outros que querem ajudar e têm imensas opiniões sobre tudo. Deus nos dê paciência para qualquer um deles e por favor, não se esqueça que as épocas de maior stresse e com conduzem a mais divórcios são, imagine só, as férias e o Natal!
Vamos a isto que nós até somos o sexo forte!
Um abraço, e até para a semana.
Segunda-feira, 26 de Novembro de 2007
Eu sei que é estúpido, mas em momentos como este, em que a realidade me pesa, refugio-me nas memórias doces, nos pequenos momentos que ficaram gravados no meu coração como uma luz, ou uma pegada, para sempre.
E daí pus-me a pensar, que muitas das que me lêem podem neste momento estar a passar por algo semelhante.
Com razões mais ou menos graves, há momentos na vida que nos coíbem de tudo: de agir, de responder às solicitações do nosso tão pouco preenchido dia a dia, enfim, é como se fosse noite o dia todo, e a única coisa que nos apetece é esconder a cabeça por de baixo dos lençóis, fechar os olhos e esperar que passe.
Para quem, como eu, está a atravessar um destes “desertos de realidade” aqui fica um desafio: Pense num daqueles momentos doces e partilhe-o connosco, ou se não lhe apetecer, delicie-se sozinha a saboreá-lo.
É engraçado o poder que algo de positivo pode ter na nossa mente e na nossa vida.
É como se por breves momentos, respirássemos livremente e fugíssemos daqui para um local encantado.
Eu, invariavelmente, vou buscar as minhas boas recordações aos momentos passados com os meus filhos.
Vou partilhar convosco uma desses momentos:
Vivi sozinha com os meus filhos quase sete anos. E como nunca conduzi na vida, nem carta de condução tenho, arranjava sempre mil e uma formas de preencher o nosso tempo livre, com todas as condicionantes que esta situação acarretava. Verdade seja dita, que quando somos novas tudo é possível, e ainda hoje me admira as coisas que consegui fazer, mas nós, fêmeas, somos realmente todas de forças e capacidades verdadeiramente impressionares!
Mas, voltando ao assunto. Num dia frio creio que era Inverno, vivia eu na Rua dos Lusíadas, ali para Alcântara, decidimos fazer um piquenique.
Tinham acabado de abrir as primeiras lojas de conveniência, chamadas Extra, e subimos a rua, fomos até aquela que ficava ali, comprámos cachorros e Coca-Cola e batatas fritas e sentamo-nos no Jardim que era a dois passos.
A dado momento, já não sei como, a minha filha Inês entornou a Coca-Cola na saia de ganga e ficou com frio.
“Mãe, tive um arrepio! " - Disse ela e eu aproveitei para lhe ensinar aquela, expressão muito engraçada que os ingleses dizem quando acontece isso a alguém: “Somenone is steping on my grave” e expliquei-lhe a tradução: “Alguém está a pisar/passear na minha campa”.
A minha filha Inês sempre foi e é uma menina (para uma Mãe são sempre pequeninos!) calada e silenciosa.
Continuamos a comer, o Gonçalo com maionese e ketchup a escorrer pelos dedos e pela roupa, riamos e conversávamos quando a Inês diz com um ar muito sério: Mãe, um bando de turistas acampou na mina campa!
Ela teria então 10 ou 11 anos. Tiritava de frio e o seu rosto tinha o ar mais serio do mundo!
Retornámos a casa em passo acelerado e eu ainda tenho na memória, aqueles três rostos, as nossas gargalhadas e a minha filha, como sempre, com o seu ar sério e já amuado.
Que estupidez! Podia partilhar convosco milhares de pequenas historias muito melhores do que esta, mas que querem, hoje estar frio, eu estou triste e veio-o me à cabeça este episódio!
Faz bem à alma sorrir das memórias.
Façam o mesmo e partilhem comigo e com todas as outras leitoras as vossas!
Um abraço e até para a semana,
Luísa